O clima é uma das preocupações constantes dos produtores vinícolas e enólogos. Como qualquer vertente da agricultura, a produção de vinho é fortemente afetada pelas condições climatéricas que se fazem sentir. É precisamente por essa razão que existem, quer em Portugal, quer no mundo, regiões vinícolas vincadamente demarcadas.
A temperatura, a amplitude térmica e a precipitação fazem com que algumas regiões sejam mais férteis e outras mais inóspitas. A par destas, também os solos determinam de forma preponderante a qualidade do vinho.
Se é um apreciador desta bebida tão tipicamente portuguesa, ganhará certamente em saber em que medida as condições climáticas afetam a produção de vinho. Descubra ainda como as doenças da vinha podem comprometer as colheitas.
Calor para o vinho tinto, frio para o vinho branco
Existem inúmeros locais para o cultivo de uvas, quer a nível nacional, quer a nível mundial. As particularidades de cada um resultam em produtos vinícolas completamente distintos.
As regiões com clima frio estão mais preparadas para o cultivo de uvas brancas, pois estas adaptam-se melhor a temperaturas mais baixas. Os vinhos tendem a ser mais ácidos, com menor grau alcoólico e, portanto, mais refrescantes.
Por outro lado, as condições atmosféricas mais quentes são as ideais para a produção de vinho tinto. Aqui, as uvas escuras são abundantes e dão origem a vinhos com maior teor alcoólico e maior grau de açúcar. Genericamente, pode dizer-se que quanto mais sol a vinha apanha, mais doce é a uva.
Também a amplitude térmica afeta de forma preponderante a produção de vinho. De um modo geral, a videira necessita de calor ao longo do dia e de frio durante a noite. Só assim consegue o amadurecimento e acidez ideais. É por esta razão que, em muitas regiões do país e do mundo, as vinhas são plantadas em terrenos altos.
A influência do aquecimento global na produção de vinho
Há algumas décadas, a produção de vinho beneficiou do aquecimento global, pois as uvas começaram a amadurecer mais cedo, antecipando o período de colheiras. Um estudo da Columbia University, nos EUA, dá como provado que, por cada grau centígrado que a Terra aquece, a apanha da uva é antecipada uma semana.
Hoje em dia, os efeitos do aquecimento do planeta fazem-se sentir favoravelmente em zonas como a Península Escandinávia, onde a produção de vinho tem vindo a crescer. Há quem considere, inclusivamente, que a Suécia tem condições para, em 2050, vir a tornar-se o “novo Douro”.
No entanto, o aquecimento global e o calor extremo têm tido uma influência bastante negativa nas mais conhecidas regiões vinícolas a nível mundial. Segundo alguns especialistas, Oregon (nos Estados Unidos), Bordeaux e Provence (em França), conceituadas zonas de produção de vinho, podem ficar inférteis no futuro.
Para minimizar os efeitos do calor e reduzir a oxidação das uvas, alguns produtores vinícolas começam a considerar a possibilidade de realizar as colheitas em horários noturnos. Assim, torna-se mais fácil preservar o sabor e qualidade do fruto.
Qualidade do solo afeta a produção vinícola
Apesar da dimensão reduzida de Portugal, a grande variedade de solos e de condições meteorológicas é evidente. O clima mediterrânico prevalece, mas existem particularidades climatéricas notáveis.
As diferenças entre a topografia e a geologia do solo nacional influenciam a produção vinícola e dão origem a vinhos de diferentes tipos (como os do Douro, do Alentejo, da Madeira, etc.). Os solos nacionais para bom uso agrícola são uma minoria, porque o clima do Mediterrâneo e a distribuição irregular de chuva resultam numa forte erosão. O Oceano Atlântico também influencia a erosão costeira e, por isso, o clima torna-se menos estável.
Deste modo, é no interior do país que se realçam algumas especificidades do clima continental. Por isso, é onde é mais fácil obter o vinho de boa qualidade que conhecemos.
Doenças da videira comprometem as colheiras
A par do clima e do solo das vinhas, há outros aspetos de difícil controlo que têm uma enorme preponderância sobre a quantidade e qualidade do vinho. Falamos das condições fitossanitárias, que tanto preocupam os produtores vinícolas.
As doenças que afetam as videiras podem comprometer a produção de tal forma que até um ano com ótimas condições climatéricas pode transformar-se num pesadelo para quem têm no vinho uma forma de sustento.
Em 2018, por exemplo, o míldio afetou grandemente a produção de vinho no Norte do país, reduzindo a colheira para um terço, em algumas regiões. A aplicação de caldas e sulfatos minimizou o prejuízo, mas não pôde evitar quebras significativas na produção.
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